quinta-feira, 19 de maio de 2011

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(Música: Steve Ray Vaughan - Little Wing)
Era madrugada. Novamente. Enquanto a luz neon do motel era filtrada pela persiana barata. Enquanto o silêncio se impunha, doce como perfume barato, pesado como chumbo, frio como gelo. Enquanto o quarto fervia num calor modorrento, inquietante. Uma daquelas abafadas noites de outubro, tão comuns nessa prodigiosa cidade da luz. Ao som de Stevie Ray, Jimmi Hendrix e John Frusciante, procurava. Procurava assim como quem se perde: Sem saber, sem notar, distraído por algo que lhe fugia sempre que estava prestes a descobrir. Como se a procura em si fosse mais importante que o achado. Como devemos ser.

Mas antes de tudo (e durante, e depois, e sempre) sentia a angústia de não saber exatamente o que o angustiava. Ou o que procurava. Opinião minha, acho que procurava 'não procurar'. Sim, é complicado, mas exemplifico: dou-lhe uma ordem: Não pense em nada. 'O não-pensar já é pensar em dizer', já diria Amarante, do Los Hermanos. Entende? O simples fato de 'não-procurar' já era a busca em si.

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